1- Logo à noite o FC Porto de Paulo Fonseca vai ter o seu primeio teste verdadeiramente a doer desta época. O Atlético de Madrid, que vem de uma vitória categórica em Chamartin, que já havia ganho ao Real a final da Supertaça de Espanha e que soma nove vitórias em nove jogos oficiais é um adversário de meter medo, mesmo desfalcado da sua maior estrela do momento, Diego Costa (como é que em Braga e Penafiel não deram por ele?).
Ganhar significará para o FC Porto um passo de gigante em direcção aos oitavos de final da Champions, pois que o Atlético é, juntamente com o Zenit, um dos outros candidatos ao apuramento, num grupo que tem três favoritos, e não apenas dois, ao contrário do que sucede no grupo do Benfica. E para ganhar só vejo uma fórmula: jogar para ganhar , acreditar que se pode ganhar, querer muito ganhar e não ter medo de o tentar fazer logo desde o apito inicial. Se entrar retraído, com medo do jogo e do adversário, se ficar sentado à espera que as coisas lhe venham cair no regaço, só ganhará por sorte. Se jogar para o empate, o mais provável não é empatar, é perder.
Óbvia e infelizmente, temo que Paulo Fonseca regresse ao esquema de jogo com Defour e Varela, deixando de fora Josué e Quintero. Suponho que, na tradição da velha escola dos treinadores portugueses, velhos ou novos, ele não resista à tentação das cautelas e caldos de galinha, optando por jogadores que lhe garantam um tipo de jogo que acha mais seguro: contenção e circulação lateral de bola, sem abrir espaços nem correr riscos. Já vi esse filme muitas vezes. Oxalá, porém, agora me engane.
2- 0 FC Porto-Vitória de Guimarães foi também a repetição de um filme que já vi tantas vezes que até já criei uma banda sonora para ele: "Só eu sei porque fico em casa". De facto, não vale a pena arrostar com o desconforto da deslocação ao estádio (600 km ida e volta, no meu caso), gastar dinheiro no bilhete ou no lugar e tudo o resto, para ver este tipo de jogos, eternamente repetido em 14 dos 15 jogos caseiros do FC Porto no campeonato e em quase todos os que joga fora: os azuis e brancos esforçada (e nem sempre inspiradamente) a fazerem todas as despesas do jogo, do ataque e do espectáculo, e um adversário a defender com dez jogadores atrás da linha da bola e um desgraçado sozinho lá na frente, com a missão de realizar um milagre.
Sim, eu sei que não há comparação possível entre o orçamento de um e dos outros, que as responsabilidades são diversas, etc. e tal. Mas não aceito o argumento de que jogam em campeonatos diferentes: que eu saiba, estão todos no mesmo campeonato; e lá fora nos campeonatos inglês, espanhol ou alemão, nos quais a diferença de orçamentos ainda é mais desequilibrada - não vemos as equipas ditas pequenas ou médias a jogarem assim. Lá, há respeito pelo público, pelo jogo, pelo espectáculo e por isso é que os estádios estão quase sempre cheios. Aliás, havendo coragem e brio, nem é preciso ir buscar exemplos lá de fora: este sábado, na Luz, o Belenenses.saído do último lugar da classificação, jogou uma hora inteira de igual para igual com o Benfica, criando até mais ocasiões de golo, e atacando com cinco ou seis jogadores. E, pasme-se, não perdeu o jogo!
Mas Rui Vitória, cuja equipa não criou uma só ocasião de golo no Dragão, que jogou ostensivamente para o 0-0 e se esteve nas tintas para o triste espectáculo para que deu contribuição decisiva, preferiu, no final, investir contra a arbitragem como se fosse a arbitragem que tivesse impedido o Vitória de ter mostrado o que valia. É verdade que eu também acho que o penalty que deu a vitória ao FC Porto provavelmente não existiu. Mas digo apenas provavelmente, porque as imagens mostram bem que o defesa do Vitória deu um passo em frente, sem procurar disputar a bola, mas apenas colocar-se na trajectória de passagem de Quintero. Este foi depois contra ele, procurando a queda, mas parece-me licito considerar que houve mesmo obstrução (talvez fosse apenas livre indirecto, se isso ainda é a falta correspondente a obstrução e porque, tanto quanto sei, ainda não desapareceram os livres indirectos dentro da área). E quem pode garantir, por outro lado, que o Jackson estava mesmo em off-side quando enfiou um chapéu perfeito a Douglas? Quem pode dizer que sem o penalty o FC Porto não ganhava e quem pode dizer, sobre tudo, que o Vitória não mereceu perder?
O FC Porto jogou bem apenas a primeira meia hora, em que construiu cinco ocasiões flagrantes de golo, um nível a que nunca mais regressou. Mas o Vitória não jogou nada, apenas defendeu durante hora e meia. E eu, desculpem lá, para o peditório dos pequeninos já dei.
3- Durante a semana inteira e até à náusea — verdadeiramente até à náusea fomos massacrados com as imagens patéticas do treinador do Benfica em Guimarães e a respectiva interpretação hermenêutica. Depois de tudo visto e ouvido, depois de ter ouvido o presidente de uma qualquer comissão para a «ética no desporto» dizer que aquilo não fora nada, depois de ter ouvido o presidente do Benfica garantir que Jorge Jesus fora a «única vítima» dos incidentes, depois de ter visto alguns dos que mais defenderam quase prisão perpétua para o Hulk por supostas agressões que ninguém viu agora assobiarem para o ar, cheguei às seguintes conclusões:
- Jorge Jesus, que tem um historial de reincidência de incidentes destes no final das partidas, é apenas um homem que vibra com o futebol;
- No caso, ele apenas e galhardamente, como lhe competia, saiu em defesa, absolutamente pacífica e discreta, de dois adeptos benfiquistas que saltaram a vedação para ajudar a tratar da relva no final do jogo e logo foram barbaramente espancados pela polícia (cujos agentes, aliás, o treinador do Benfica não conseguiu distinguir de tratadores de relva ou sequer de agentes desportivos, como aqueles agredidos pelo Hulk);
- E a prova de que nada de estranho se passou é que nem os árbitros nem os observadores da Liga escreveram o que quer que fosse nos seus relatórios.
- Em contrapartida, já os gravíssimos incidentes em que um aperaltadinho (que se veio a descobrir ser presidente da AFL, benfiquista recomendado por Rui Gomes da Silva, provocador encartado capaz de festejar de forma ordinária e encostado ao presidente portista um golo do Estoril - aliás irregular -, autodesignado novo herói da guerra Norte-Sul por si declarada e autor de textos em que falava de «macaco» e «bananas» a propósito de Hulk) se pôs a gritar ter levado um murro de Adelino Caldeira (com idade para ser pai dele) e a jurar que quem fora agredido fora, de facto, a AFL, já esse incidente, sim, esse é que o presidente do Benfica e os jornalistas ao seu serviço consideram muito grave. Mais grave ainda porque, face à demolidora denúncia do aperaltadinho, parece que as testemunhas com as quais todos contavam afinal não existem. E, como se sabe, quando não há testemunhas, não há procuradores, não há decisores disciplinares e não há juízes dos tribunais que corroborem a verdade declarada como tal pelo Benfica, é porque todos estão feitos com a mentira e com as forças ocultas.
Este filme também já o conheço de cor. E, tal como a «narrativa» dos supostos erros de arbitragem contra o Benfica no jogo com o Belenenses, é um filme que regressa a cena sempre que Artur sofre golos defensáveis, que Jorge Jesus arruma mal a equipa e que Vieira vê a vida a andar para trás.
4- No duelo de colunistas de A BOLA, o FC Porto esmagou o Benfica. Rui Moreira, pelo Porto, esmagou o benfiquista Fernando Seara. Ah, que será que o Porto tem?
Ganhar significará para o FC Porto um passo de gigante em direcção aos oitavos de final da Champions, pois que o Atlético é, juntamente com o Zenit, um dos outros candidatos ao apuramento, num grupo que tem três favoritos, e não apenas dois, ao contrário do que sucede no grupo do Benfica. E para ganhar só vejo uma fórmula: jogar para ganhar , acreditar que se pode ganhar, querer muito ganhar e não ter medo de o tentar fazer logo desde o apito inicial. Se entrar retraído, com medo do jogo e do adversário, se ficar sentado à espera que as coisas lhe venham cair no regaço, só ganhará por sorte. Se jogar para o empate, o mais provável não é empatar, é perder.
Óbvia e infelizmente, temo que Paulo Fonseca regresse ao esquema de jogo com Defour e Varela, deixando de fora Josué e Quintero. Suponho que, na tradição da velha escola dos treinadores portugueses, velhos ou novos, ele não resista à tentação das cautelas e caldos de galinha, optando por jogadores que lhe garantam um tipo de jogo que acha mais seguro: contenção e circulação lateral de bola, sem abrir espaços nem correr riscos. Já vi esse filme muitas vezes. Oxalá, porém, agora me engane.
2- 0 FC Porto-Vitória de Guimarães foi também a repetição de um filme que já vi tantas vezes que até já criei uma banda sonora para ele: "Só eu sei porque fico em casa". De facto, não vale a pena arrostar com o desconforto da deslocação ao estádio (600 km ida e volta, no meu caso), gastar dinheiro no bilhete ou no lugar e tudo o resto, para ver este tipo de jogos, eternamente repetido em 14 dos 15 jogos caseiros do FC Porto no campeonato e em quase todos os que joga fora: os azuis e brancos esforçada (e nem sempre inspiradamente) a fazerem todas as despesas do jogo, do ataque e do espectáculo, e um adversário a defender com dez jogadores atrás da linha da bola e um desgraçado sozinho lá na frente, com a missão de realizar um milagre.
Sim, eu sei que não há comparação possível entre o orçamento de um e dos outros, que as responsabilidades são diversas, etc. e tal. Mas não aceito o argumento de que jogam em campeonatos diferentes: que eu saiba, estão todos no mesmo campeonato; e lá fora nos campeonatos inglês, espanhol ou alemão, nos quais a diferença de orçamentos ainda é mais desequilibrada - não vemos as equipas ditas pequenas ou médias a jogarem assim. Lá, há respeito pelo público, pelo jogo, pelo espectáculo e por isso é que os estádios estão quase sempre cheios. Aliás, havendo coragem e brio, nem é preciso ir buscar exemplos lá de fora: este sábado, na Luz, o Belenenses.saído do último lugar da classificação, jogou uma hora inteira de igual para igual com o Benfica, criando até mais ocasiões de golo, e atacando com cinco ou seis jogadores. E, pasme-se, não perdeu o jogo!
Mas Rui Vitória, cuja equipa não criou uma só ocasião de golo no Dragão, que jogou ostensivamente para o 0-0 e se esteve nas tintas para o triste espectáculo para que deu contribuição decisiva, preferiu, no final, investir contra a arbitragem como se fosse a arbitragem que tivesse impedido o Vitória de ter mostrado o que valia. É verdade que eu também acho que o penalty que deu a vitória ao FC Porto provavelmente não existiu. Mas digo apenas provavelmente, porque as imagens mostram bem que o defesa do Vitória deu um passo em frente, sem procurar disputar a bola, mas apenas colocar-se na trajectória de passagem de Quintero. Este foi depois contra ele, procurando a queda, mas parece-me licito considerar que houve mesmo obstrução (talvez fosse apenas livre indirecto, se isso ainda é a falta correspondente a obstrução e porque, tanto quanto sei, ainda não desapareceram os livres indirectos dentro da área). E quem pode garantir, por outro lado, que o Jackson estava mesmo em off-side quando enfiou um chapéu perfeito a Douglas? Quem pode dizer que sem o penalty o FC Porto não ganhava e quem pode dizer, sobre tudo, que o Vitória não mereceu perder?
O FC Porto jogou bem apenas a primeira meia hora, em que construiu cinco ocasiões flagrantes de golo, um nível a que nunca mais regressou. Mas o Vitória não jogou nada, apenas defendeu durante hora e meia. E eu, desculpem lá, para o peditório dos pequeninos já dei.
3- Durante a semana inteira e até à náusea — verdadeiramente até à náusea fomos massacrados com as imagens patéticas do treinador do Benfica em Guimarães e a respectiva interpretação hermenêutica. Depois de tudo visto e ouvido, depois de ter ouvido o presidente de uma qualquer comissão para a «ética no desporto» dizer que aquilo não fora nada, depois de ter ouvido o presidente do Benfica garantir que Jorge Jesus fora a «única vítima» dos incidentes, depois de ter visto alguns dos que mais defenderam quase prisão perpétua para o Hulk por supostas agressões que ninguém viu agora assobiarem para o ar, cheguei às seguintes conclusões:
- Jorge Jesus, que tem um historial de reincidência de incidentes destes no final das partidas, é apenas um homem que vibra com o futebol;
- No caso, ele apenas e galhardamente, como lhe competia, saiu em defesa, absolutamente pacífica e discreta, de dois adeptos benfiquistas que saltaram a vedação para ajudar a tratar da relva no final do jogo e logo foram barbaramente espancados pela polícia (cujos agentes, aliás, o treinador do Benfica não conseguiu distinguir de tratadores de relva ou sequer de agentes desportivos, como aqueles agredidos pelo Hulk);
- E a prova de que nada de estranho se passou é que nem os árbitros nem os observadores da Liga escreveram o que quer que fosse nos seus relatórios.
- Em contrapartida, já os gravíssimos incidentes em que um aperaltadinho (que se veio a descobrir ser presidente da AFL, benfiquista recomendado por Rui Gomes da Silva, provocador encartado capaz de festejar de forma ordinária e encostado ao presidente portista um golo do Estoril - aliás irregular -, autodesignado novo herói da guerra Norte-Sul por si declarada e autor de textos em que falava de «macaco» e «bananas» a propósito de Hulk) se pôs a gritar ter levado um murro de Adelino Caldeira (com idade para ser pai dele) e a jurar que quem fora agredido fora, de facto, a AFL, já esse incidente, sim, esse é que o presidente do Benfica e os jornalistas ao seu serviço consideram muito grave. Mais grave ainda porque, face à demolidora denúncia do aperaltadinho, parece que as testemunhas com as quais todos contavam afinal não existem. E, como se sabe, quando não há testemunhas, não há procuradores, não há decisores disciplinares e não há juízes dos tribunais que corroborem a verdade declarada como tal pelo Benfica, é porque todos estão feitos com a mentira e com as forças ocultas.
Este filme também já o conheço de cor. E, tal como a «narrativa» dos supostos erros de arbitragem contra o Benfica no jogo com o Belenenses, é um filme que regressa a cena sempre que Artur sofre golos defensáveis, que Jorge Jesus arruma mal a equipa e que Vieira vê a vida a andar para trás.
4- No duelo de colunistas de A BOLA, o FC Porto esmagou o Benfica. Rui Moreira, pelo Porto, esmagou o benfiquista Fernando Seara. Ah, que será que o Porto tem?