MST ~ Porto Total, capital do dragão... summary_noimg = 550; summary_img = 450; img_thumb_height = 200; img_thumb_width = 200;

30 de julho de 2013

MST

 PORTO VINTAGE OU PORTO SECO

Da noite para o dia, das alturas para o chão, do deslumbre para o bocejo. O FC Porto que esmagou o Milionários, na Colômbia, e o que difícilmente levou de vencida o Celta de Vigo, não podem ser uma e a mesma entidade. Em Bogotá, vi lampejos do melhor FC Porto da última década - o de Mourinho que venceu a Taça UEFA — até mesmo no regresso ao equipamento mais tradicional e mais bonito: várias riscas de verdadeiro azul celeste, em contraste feliz com o horrendo equipamento da época passada. No Dragão, contra os vizinhos galegos, revi o FC Porto do passado próximo - o de Vítor Pereira — que gostaria de imaginar definitivamente ultrapassado. Vejamos cada jogo de sua vez.
Em Bogotá, ainda digerindo as seis horas de diferença horária, sob um clima tropical e a uma altitude de 2600 metros, a que a grande maioria dos jogadores da equipe não está habituada, os nortistas deram um verdadeiro show de bola e de futebol ofensivo, revelando, alem do mais, uma condição física notável para principio de época. Danilo deu um show à parte e Jackson Martinez marcou um golo de génio, mas o grande destaque foi o funcionamento da equipa, como um bloco dinâmico e imaginativo, em perpétuo movimento vertical, segura atrás, criativa no meio, desequilibradora na frente. Fiquei acordado para ver o jogo até às três e meia da manhã e dei a noitada por bem empregue. Confesso até que me fui deitar nas nuvens, feliz com o que tinha visto, contente por saber que os jogadores estiveram à altura do cartaz que o clube tem já na terra de Garcia Marquéz e que só pode agora ter saído acrescentado.
E veio a apresentação aos adeptos, num estádio do Dragão entusiástico e a rebentar pelas costuras, estreando um novo relvado - que, se ainda não é tão bom como o anterior, também não se apresentou mal. Percebi que aquela enchente significava que os adeptos comungavam do meu entusiasmo pelo rumo que a pré-época estava a levar. Mas, pobres adeptos e vão entusiasmo: foi-nos servida uma verdadeira seca futebolística, como se nada de essencial tivesse mudado desde a época anterior. Muita posse de bola, muitos passes para trás e para o lado, muitos passes em profundidade para o ataque — quase sempre falhados e a dispensarem a construção de jogo ofensivo colectivo — e raras oportunidades de golo. No fim, uma vitória arrancada com um golo irregular e até mais oportunidades para o 1-1 do que para o 2-0. Salvou-se mais uma vitória, a sexta em seis jogos de preparação. Mas aquele público merecia bem mais.
Compreendo e aceito todas as explicações dadas por Paulo Fonseca para o pobre espectáculo apresentado, e ainda bem que ele o reconheceu, dizendo que aquilo esteve longe do que a equipa pode já fazer. E, aliás, quero também elogiá-lo pela franqueza e humildade com que reconhece estar cheio de dúvidas quanto ao onze titular. Face ao que se tinha visto até ao jogo contra o Celta, e mesmo sem ter visto ainda verdadeiramente o que valem os reforços Herrera, Quintero, Rodrigo, Tiago e Reyes, as exibições individuais dos restantes prometiam e prometem grandes dores de cabeça, das boas, para o novo treinador portista. Longe de mim a pretensão de tentar ajudá-lo, mas apenas a de dar a minha opinião como adepto. A defesa, penso que é pacifica: Helton, Danilo, Otamendi, Mangala e Alex Sandro - a mesma do ano passado, que tão poucos golos consentiu. No meio-campo é que estão os maiores e bons problemas, sobretudo porque, reconhecendo que este era o sector mais desfalcado e fraco, foi ele o mais reforçado. Mas, antes de apontar a minha opção, quero começar por dizer que ainda não percebi as vantagens do tal triângulo invertido, com dois médios recuados e Lucho adiantadíssimo. Compreendo o efeito que isto pode tirar das características de Lucho, poupando-o mais para a zona do último passe, onde ele agora reina sozinho, após a saída de James. Mas para quê dois médios defensivos se em 90% dos jogos da época vamos ter de jogar ao ataque contra equipas todas recolhidas atrás da linha da bola, como já se viu contra o Celta? Pelo contrário, o que eu questiono muitas vezes é a utilidade de ter sequer um médio defensivo - ainda para mais, quando esse médio defensivo, com lugar cativo, que é o Fernando, apenas sabe destruir e é incapaz de construir? Ir buscar três médios tecnicistas e criativos, como Josué, Herrera e Quintera, para deixar dois deles no banco, parece-me um desperdício (e isto não falando já na hipótese absurda de preterir qualquer um deles ao banalíssimo Deffour, que nada tem que o recomende particularmente, incluindo o penteado, que não deveria ser admissível num clube com os pergaminhos do FC Porto). Nesta perspetiva, eu deixava lá o triângulo invertido quanto muito para os jogos da Champions contra os tubarões europeus e jogaria habitualmente com dois ou mesmo três médios de ataque nos restantes jogos. Aliás, quando leio Paulo Fonseca a dizer que seria complicado tentar explicar aos jornalistas como funciona ou deve funcionar o tal triângulo invertido, não posso deixar de cismar como conseguirá ele explicá-lo aos jogadores... E, na frente, tirando o inevitável Jackson Martinez... temo muito que se prepare mais uma época para o inevitável Silvestre Varela, tanto mais que ele tem a seu favor dois factores: ser o único, ou destinado a ser habitualmente o único português da equipa, e ter uma boa imprensa. Uma imprensa que vê nele qualidades que eu há muito desisti de ver; que, quando ele falha um golo fácil, rematando com força a mais e por alto, escreve que disparou um míssil logo a abrir o jogo, catapultando-o para uma boa exibição, que eu não enxerguei. Mas reconheço-lhe uma qualidade: é um pé quente, que se desvia sabiamente do seu lugar para aparecer na zona de remate, marcando muitos mais golos do que as suas pobres exibições justificam. Temo, assim, que um dos flancos seja entregue ao inevitável Varela, e, visto que não parece haver vontade de aproveitar o último ano de contrato de Atsu (o que eu acho um crime de lesa-clube e de lesa-futebol), sobram dois candidatos para um lugar: Kelvin e Iturbe. Parece-me que Pauto Fonseca não está disposto a abdicar de nenhum deles e ainda bem. Comprar talentos novos para os emprestar por sistema é-me incompreensível. Não consigo compreender, por exemplo, porque vai o Benfica comprar o Pizzi ao Atlético de Madrid para o emprestar ao Espanhol, ou, ainda mais estranho, porque compra o FC Porto o Tiago ao Guimarães para o emprestar... ao Guimarães! Sim, eu conheço a argumentação desportiva, de fazê-los evoluir noutro clube onde joguem mais, ect e tal. Mas é um capricho, uma politica, de gente rica. E que o não é.
2- Parabéns ao Benfica e a L. F. Vieira pela inauguração do seu museu: pelo que li e vi em fotografia, parece-me ser bem mais e melhor do que um simples armazém de troféus, antes tendo uma preocupação de contar a história do clube, integrada na história das épocas que ele atravessou. Mas seria capaz de apostar que, aproveitando uns meses de atraso e a experiência do rival, o museu do FC Porto vai conseguir ser ainda melhor. Pinto da Costa prometeu qualquer coisa jamais vista em lugar algum nesta matéria, e, com a experiência do Estádio do Dragão, do Dragão Caixa e do Porto Canal, por exemplo, eu sei que o FC Porto, quando lança mãos a uma obra, deixa todos para trás.
PS: Caro Eduardo Barroso: espero que as férias estejam a correr bem e ainda longe do fim. Abusa, porque no outro mundo não há férias, tirando as definitivas. Mas, se não estou em erro, os peixes que tu, o teu filho e o Filipe, da Restinga, seguravam nos braços nas tuas fotografias da semana passada, não eram chernes, mas sim garoupas. Os chernes são mais escuros e de cabeça maior. Estarei errado? Um abraço, do outro lado da Ria
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a bola