1- É obrigatório e politicamente correcto dizer que o Sporting é candidato ao título, assim como é obrigatório e politicamente correcto dizer que Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do mundo e condenar, em tom de patriótico desaforo, o Sr. Blatter ou o outrora tão amado Sr. Platini, que não comungam dessa opinião.
Sobre Cristiano Ronaldo, já aqui deixei dito que este ano, e sobretudo face à lesão que deixou Lionel Messi de fora ou em sub-rendimento metade da época, o português seria o mais justo vencedor. Mas não está sozinho na luta, pois, para além de Messi, tem a fortíssima concorrência de Ibrahimovic (autor do golo do ano, no Suécia-Inglaterra) e Robben e Ribéry, com um curriculnm de vitórias colectivas bem superior. Mas Ronaldo esmaga-os nos golos marcados e na intensidade do seu futebol insaciável. Aguardemos, pois, a votação.
Mas aguardemo-la como gente civilizada, longe dessa triste tradição lusa que consiste em suspeitar de tudo, levantar insinuações acerca de tudo o que não nos convém, inventar cabalas para justificar derrotas. Era assim o Portugal do Estado Novo, quando ainda não havia transmissões televisivas e qualquer relato radiofónico de um jogo europeu com equipes portugueses era invariavelmente descrito como uma cena de roubo da arbitragem às nossas cores. Ou quando mandávamos os piores exemplares da nossa miséria musical aos Festivais da Eurovisão e depois justificávamos a inevitável classificação nos últimos lugares como resultado de uma exaustiva teia de manigâncias políticas: a Espanha não votava em nós porque eram maus vizinhos, a Inglaterra porque eram falsos aliados, a França porque eram chauvinistas, os países nórdicos porque eram inimigos politicos (honra a deles!), etc., etc. Se há coisa de que não tenho saudades algumas é desse patriotismo saloio, lamento, pois, que até o presidente da Federação, Fernando Gomes, tenha sentido necessidade dc se imiscuir nessa onda de pré-desconfiança da seriedade da votação para o Bola de Ouro do ano. Ainda a votação não foi feita e já é politicamente obrigatório desconfiar dela cautelarmente, para o caso de o nosso candidato não vencer. Se alguém manifesta preferência por outro que não Ronaldo, aqui d’El Rey que está em marcha uma conspiração; se a votação é adiada (coisa que, objectivamente, só favoreceu Cristiano Ronaldo, permitindo-lhe incluir no palmarés do ano a fabulosa exibição contra a Suécia), aqui d’El Rey que isso é muito suspeito. Já José Mourinho, tendo perdido claramente a votação para o melhor treinador do ano em 2012 e louvando-se de um voto trocado do capitão da selecção macedónia (e por culpa do próprio), veio pór em causa a seriedade de toda a votação e do próprio colégio eleitoral, composto por todos os seleccionadores e capitães das equipas mundiais. Valerá a pena lembrar que só quem sabe perder merece ganhar?
2- Pois, se tal também é obrigatório, declaro o Sporting candidato ao título, reconhecendo várias coisas a seu favor: tem dois pontos de avanço e muito mais fome de vencer do que o FC Porto; tem, claramente, o melhor treinador entre todos os candidatos; só joga uma vez por semana, dispensado que está dos jogos europeus e da Taça, e não tem tido lesões nem castigos de jogadores nucleares; tem sido favorecido pela sorte em momentos decisivos de vários jogos, como ainda anteontem em Barcelos. Se isso chega ou não para compensar a debilidade estrutural de uma equipa muito mais fraca, jogador por jogador, que os seus rivais, logo se verá. Ninguém lhe pode tirar o mérito de ir à frente numa luta desigual, assim como ninguém o pode acusar de se aproveitar do desperdício e inépcia alheias. Mas o mais difícil está ainda para vir.
3- Eu devia estar contente com a vitória do FC Porto sobre o Braga, que pós fim a um ciclo de três jogos do campeonato sem ganhar. Mas não estou. Devia estar ao menos aliviado, mas também não estou. Aliás, as exuberantes demonstrações de alivio de toda a equipa técnica após a marcação do segundo golo deram-me que pensar: o alívio deles é a razão da minha preocupação.
O FC Porto encontrou pela frente o mais fraco Sporting de Braga que eu me lembro de ter visto nos últimos dez anos, resultado de uma política impensada de vendas de jogadores determinantes (como Mossoró, despachado em saldos), reduzindo o grupo a uma amálgama de jogadores indefinidos ou a caminho da reforma. Não é normal, mesmo no Dragão, ver um SC Braga que não cria uma só oportunidade de golo em todo o jogo.
Contra esse Braga, assim posto tão a jeito, o FC Porto voltou a desperdiçar toda a primeira parte em coisa nenhuma apenas um remate perigoso, fruto de uma iniciativa individual. Quando vi a equipa do costume o triângulo invertido, com sete jogadores em funções defensivas, o Josué a fingir que era extremo, o Quintero de castigo como sempre - e o futebol absolutamente vazio do costume, estive mesmo para desistir de ver a segunda parte. Sinceramente, e embora me custe, devo confessar que perdi qualquer confiança neste treinador: com Paulo Fonseca, o FC Porto não vai a lado nenhum. Até pode acontecer que, como sucedeu com Vítor Pereira, consiga ganhar o campeonato, mas a equipa, enquanto tal, e o clube não vão, seguramente, progredir ou melhorar com ele. Depois de tudo o que aconteceu nos últimos jogos, voltar a insistir na mesmíssima equipa e na mesmíssima estratégia, passando 45 minutos quieto, a assistir ao mesmíssimo desfecho, é de quem não percebeu e não vai conseguir perceber nada.
É certo que tudo, ou quase tudo, mudou para melhor depois do intervalo. Para tal, foram necessárias duas simples coisas: que, vendo o pescoço em risco e realizando enfim que o Braga era inofensivo, Paulo Fonseca se tenha deixado de teorias do 3º nível do curso de Verão de treinadores, e tenha feito adiantar um dos médios de contenção; e que a lesão de Lucho tenha dado entrada ao jovem Carlos Eduardo (cujo valor já todos, menos Paulo Fonseca, tinham percebido), e que este tenha vindo simplificar o jogo e abrir caminhos para a área adversária. E, depois, entrou em jogo um terceiro factor, não previsto por Fonseca nem previsível por ninguém: Silvestre Varela decidiu-se finalmente a jogar à bola. Talvez assustado com o anunciado regresso de Quaresma e o fim do conforto do seu lugar garantido, Varela fez, não direi o melhor jogo do ano de 2013, mas o único aceitável e que lhe é exigível. Porque, como já o disse, ele não é um Defour, que jamais será um bom jogador, por muito que se esforce: ele é um jogador que em tempos sabia jogar bem, mas que a preguiça, a falta de atitude e de inteligência de jogo e a protecção total de que tem beneficiado por parte de alguns treinadores, transformaram num acomodado, num jogador que tranquila e impunemente estraga 90% das jogadas de ataque que lhe passam pelos pés. Amanhã à noite já se poderá saber se isto foi um fogacho de ocasião ou uma mudança de atitude longa e inutilmente esperada.
4- Depois de uma semana com os benfiquistas a bradar contra o penalty que nos instantes finais do jogo de Coimbra beneficiou o FC Porto, por pura invenção do árbitro, eis que também o Benfica beneficia de um penalty idêntico que lhe permite empatar à beira do fim e escapar a uma derrota que teria sido um verdadeiro abalo. A diferença é que o Porto falhou o seu penalty e o Benfica não, o Porto ficou na mesma, o Benfica ganhou um ponto: a sorte também conta muito no futebol. A outra diferença é que eu, pelo menos, torci a sério para que o Danilo - 18 milhões falhasse aquele penalty, porque não gosto de resultados feitos assim.
Depois de muitos problemas com a internet... aqui está atrasada a crónica de MST.
Sobre Cristiano Ronaldo, já aqui deixei dito que este ano, e sobretudo face à lesão que deixou Lionel Messi de fora ou em sub-rendimento metade da época, o português seria o mais justo vencedor. Mas não está sozinho na luta, pois, para além de Messi, tem a fortíssima concorrência de Ibrahimovic (autor do golo do ano, no Suécia-Inglaterra) e Robben e Ribéry, com um curriculnm de vitórias colectivas bem superior. Mas Ronaldo esmaga-os nos golos marcados e na intensidade do seu futebol insaciável. Aguardemos, pois, a votação.
Mas aguardemo-la como gente civilizada, longe dessa triste tradição lusa que consiste em suspeitar de tudo, levantar insinuações acerca de tudo o que não nos convém, inventar cabalas para justificar derrotas. Era assim o Portugal do Estado Novo, quando ainda não havia transmissões televisivas e qualquer relato radiofónico de um jogo europeu com equipes portugueses era invariavelmente descrito como uma cena de roubo da arbitragem às nossas cores. Ou quando mandávamos os piores exemplares da nossa miséria musical aos Festivais da Eurovisão e depois justificávamos a inevitável classificação nos últimos lugares como resultado de uma exaustiva teia de manigâncias políticas: a Espanha não votava em nós porque eram maus vizinhos, a Inglaterra porque eram falsos aliados, a França porque eram chauvinistas, os países nórdicos porque eram inimigos politicos (honra a deles!), etc., etc. Se há coisa de que não tenho saudades algumas é desse patriotismo saloio, lamento, pois, que até o presidente da Federação, Fernando Gomes, tenha sentido necessidade dc se imiscuir nessa onda de pré-desconfiança da seriedade da votação para o Bola de Ouro do ano. Ainda a votação não foi feita e já é politicamente obrigatório desconfiar dela cautelarmente, para o caso de o nosso candidato não vencer. Se alguém manifesta preferência por outro que não Ronaldo, aqui d’El Rey que está em marcha uma conspiração; se a votação é adiada (coisa que, objectivamente, só favoreceu Cristiano Ronaldo, permitindo-lhe incluir no palmarés do ano a fabulosa exibição contra a Suécia), aqui d’El Rey que isso é muito suspeito. Já José Mourinho, tendo perdido claramente a votação para o melhor treinador do ano em 2012 e louvando-se de um voto trocado do capitão da selecção macedónia (e por culpa do próprio), veio pór em causa a seriedade de toda a votação e do próprio colégio eleitoral, composto por todos os seleccionadores e capitães das equipas mundiais. Valerá a pena lembrar que só quem sabe perder merece ganhar?
2- Pois, se tal também é obrigatório, declaro o Sporting candidato ao título, reconhecendo várias coisas a seu favor: tem dois pontos de avanço e muito mais fome de vencer do que o FC Porto; tem, claramente, o melhor treinador entre todos os candidatos; só joga uma vez por semana, dispensado que está dos jogos europeus e da Taça, e não tem tido lesões nem castigos de jogadores nucleares; tem sido favorecido pela sorte em momentos decisivos de vários jogos, como ainda anteontem em Barcelos. Se isso chega ou não para compensar a debilidade estrutural de uma equipa muito mais fraca, jogador por jogador, que os seus rivais, logo se verá. Ninguém lhe pode tirar o mérito de ir à frente numa luta desigual, assim como ninguém o pode acusar de se aproveitar do desperdício e inépcia alheias. Mas o mais difícil está ainda para vir.
3- Eu devia estar contente com a vitória do FC Porto sobre o Braga, que pós fim a um ciclo de três jogos do campeonato sem ganhar. Mas não estou. Devia estar ao menos aliviado, mas também não estou. Aliás, as exuberantes demonstrações de alivio de toda a equipa técnica após a marcação do segundo golo deram-me que pensar: o alívio deles é a razão da minha preocupação.
O FC Porto encontrou pela frente o mais fraco Sporting de Braga que eu me lembro de ter visto nos últimos dez anos, resultado de uma política impensada de vendas de jogadores determinantes (como Mossoró, despachado em saldos), reduzindo o grupo a uma amálgama de jogadores indefinidos ou a caminho da reforma. Não é normal, mesmo no Dragão, ver um SC Braga que não cria uma só oportunidade de golo em todo o jogo.
Contra esse Braga, assim posto tão a jeito, o FC Porto voltou a desperdiçar toda a primeira parte em coisa nenhuma apenas um remate perigoso, fruto de uma iniciativa individual. Quando vi a equipa do costume o triângulo invertido, com sete jogadores em funções defensivas, o Josué a fingir que era extremo, o Quintero de castigo como sempre - e o futebol absolutamente vazio do costume, estive mesmo para desistir de ver a segunda parte. Sinceramente, e embora me custe, devo confessar que perdi qualquer confiança neste treinador: com Paulo Fonseca, o FC Porto não vai a lado nenhum. Até pode acontecer que, como sucedeu com Vítor Pereira, consiga ganhar o campeonato, mas a equipa, enquanto tal, e o clube não vão, seguramente, progredir ou melhorar com ele. Depois de tudo o que aconteceu nos últimos jogos, voltar a insistir na mesmíssima equipa e na mesmíssima estratégia, passando 45 minutos quieto, a assistir ao mesmíssimo desfecho, é de quem não percebeu e não vai conseguir perceber nada.
É certo que tudo, ou quase tudo, mudou para melhor depois do intervalo. Para tal, foram necessárias duas simples coisas: que, vendo o pescoço em risco e realizando enfim que o Braga era inofensivo, Paulo Fonseca se tenha deixado de teorias do 3º nível do curso de Verão de treinadores, e tenha feito adiantar um dos médios de contenção; e que a lesão de Lucho tenha dado entrada ao jovem Carlos Eduardo (cujo valor já todos, menos Paulo Fonseca, tinham percebido), e que este tenha vindo simplificar o jogo e abrir caminhos para a área adversária. E, depois, entrou em jogo um terceiro factor, não previsto por Fonseca nem previsível por ninguém: Silvestre Varela decidiu-se finalmente a jogar à bola. Talvez assustado com o anunciado regresso de Quaresma e o fim do conforto do seu lugar garantido, Varela fez, não direi o melhor jogo do ano de 2013, mas o único aceitável e que lhe é exigível. Porque, como já o disse, ele não é um Defour, que jamais será um bom jogador, por muito que se esforce: ele é um jogador que em tempos sabia jogar bem, mas que a preguiça, a falta de atitude e de inteligência de jogo e a protecção total de que tem beneficiado por parte de alguns treinadores, transformaram num acomodado, num jogador que tranquila e impunemente estraga 90% das jogadas de ataque que lhe passam pelos pés. Amanhã à noite já se poderá saber se isto foi um fogacho de ocasião ou uma mudança de atitude longa e inutilmente esperada.
4- Depois de uma semana com os benfiquistas a bradar contra o penalty que nos instantes finais do jogo de Coimbra beneficiou o FC Porto, por pura invenção do árbitro, eis que também o Benfica beneficia de um penalty idêntico que lhe permite empatar à beira do fim e escapar a uma derrota que teria sido um verdadeiro abalo. A diferença é que o Porto falhou o seu penalty e o Benfica não, o Porto ficou na mesma, o Benfica ganhou um ponto: a sorte também conta muito no futebol. A outra diferença é que eu, pelo menos, torci a sério para que o Danilo - 18 milhões falhasse aquele penalty, porque não gosto de resultados feitos assim.
Depois de muitos problemas com a internet... aqui está atrasada a crónica de MST.